segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

come and bring me back, you bastard

os aparelhos já foram desligados há tempos, mas não sei como soltar a sua mão.
eu te ressuscito em cada lembrança que já tinha deixado ir.
como te deixar ir? vou junto.
não me lembro muito bem do perfume natural da sua pele ou do jeito que você inclina a cabeça dois milésimos antes de abrir um sorriso desajeitado, e te sigo para todo canto só pra recordar.
aumento a frequência do choque porque ainda não há pulso.
eu quis tanto que você morresse. quis tanto poder te matar.
eu quis tanto que você deixasse de ser o imã que me atrai silenciosamente, quis tanto que não fossem os seus traços que me assombravam sempre que eu fechava os olhos.
e quando tudo isso finalmente aconteceu, eu morri junto.
porque quando fecho os olhos, fica tudo preto. e quando não fecho, também. eu tenho medo do escuro mas não de você. com uma expressão divertida, você apertava o gatilho sem nunca disparar. ou abaixar a arma.
preciso de você vivo para poder voltar à vida.
pra pegar a droga desse desfibrilador e fazer meu coração voltar a bater também, nem que seja à força. tem que ser à força.
me leva de volta pro inferno; não sei lidar com a calmaria.
volta, meu bem. não para mim, mas volta.

you don't know me you never will

você não me conhece.
escutou milhões de vezes o som da minha risada, sabe o nome dos meus autores preferidos, nota que eu fecho os olhos para não explodir e já até ouviu falar da minha angústia.
já ouviu falar mas não a conhece, eu nunca te apresentei à pessoa que surta. você não está lá nas minhas crises, não consegue identificar os meus gritos roucos no silêncio, não está na lista de convidados para o chá das cinco com o meu caos. você vê o meu olhar perdido mas não sabe para onde ele vai.
e você não sabe quem eu sou.
você só sabe quem eu sou quando estou tentando não ser.
mas não tem problema; eu também sou assim.

lost cause

the emptiness punches me softly
in the stomach over and over
again
can you see the deep hole inside
my chest? it's praying
"i just want to be whole
again", it says.

i've been through hell and smiled
to everyone i met —
only the devil waved back

i used to get on my knees, asking
"please, don't make my mom sad"
but i can still hear her heart
loudly crying at night

do not take my hand,
it'll only make me feel trapped
exactly like a rat

see, i can't be saved — you may
be a prince but nothing changes
when your lips meet mine.

bluebird

seus olhos angelicais tentam não reparar nos demônios que se escondem atrás dos meus, mas você não pode ignorar a opacidade que eles carregam.
eu sou a droga do pássaro azul que quer sair e não consegue por não saber voar. ainda não descobri se a gaiola é a minha pele ou o mundo; só sei que ninguém vai abrir a porra da porta, e eu não sei voar.
eu não acho nada sexy encher a cara até mal lembrar o próprio nome pra poder esquecer também o peso que carrego nas costas.
eu não vejo beleza na dor, não vejo romantismo, força, coragem, não vejo nada, só vejo o terror que é não saber o que fazer com ela.
não vejo nenhuma porra de profundidade na perda de brilho que meu olhar sofreu. então, meu bem, se você quiser a beleza ou o que quer que seja que você vê em mim, pode pegar. pegue o que quiser, eu não quero nada. não quero nada de mim, então me livre desse fardo que é ser quem eu sou, por favor.
beber não presta, faz mal; é o que está escrito em todo lugar. mas e daí?
eu não sou diferente.

rainy mind

i’m exhausted of pretending i don’t
feel the heavy weight of my existence
some people don’t even notice it and
i wish i were one of them but i could never
be one of them
i’m sorry if you’re wondering why
because so am i.

just for today,
i don’t wanna cheer myself up
i don’t wanna try and i don't
want you to
i just need to be right here, quietly
hearing the sound of my soul
it's like an open wound

see, i don’t really think
it will ever heal so please
stop throwing all this medication
over me

they keep saying i’m
strong
but i’m losing the fight -
i just want it to end soon

i wonder if they know how
wrong they are
i’m looking right at
the exit door
and although i can feel every
inch of me begging
for me to walk, i can’t
because everyone keeps
pushing me away
from it and i’m not brave enough
to tell them to stop.

lonvely

i want to punch myself
right in the heart
it’s been so long
since i felt good i can't
remember what it feels
like

all i know is ache
no one can save
me from myself

medicine is not the
answer the real one
would make things better
so it's also out of my reach


they say i'm lovely
but they're spelling it wrong
i'm just lonely

melancolia de inverno

o ar gélido não consegue superar minha pneumonia interna.
eu queria correr pra longe de tudo, inclusive de mim, mas nunca fui boa atleta e não tenho para onde ir.
não preciso de amor, eu preciso de você (ou de mim), e a única semelhança existente aqui é a capacidade de me deixar louca - como se algum dia eu tivesse sido sã.
até escrever, algo que costumava ser meu refúgio, anda fora do meu alcance. ando tão oca por dentro que as palavras se afogam como areia movediça no vazio que engoliu meu coração.
tem algo nos seus olhos que faz com que tudo fique bem, e é por isso que eles nunca encontram os meus e é também o porquê de não darmos certo: eu não sei ficar bem. não é da minha natureza, entende? aposto que não.
o vazio é uma dor disfarçada e eu também.

eu não sei me cuidar e queria ter alguém disposto a ensinar.

eu estou sentada na beira do abismo, que me encara com um olhar convidativo.
gostaria que alguém me empurrasse; eu quero ir e não consigo pular.
reuno minhas forças.
pulo.
encontro-me presa no ar. a gravidade também me virou as costas.
não consigo ir e não aguento ficar.
como sempre, a escolha não é minha.
fico,
mesmo sem aguentar.

bang bang you're dead

o que é que a gente faz
quando descobre
que não tem nenhum tesouro
no final do arco-íris?

o que é que a gente faz
quando descobre que não
tem nenhum tesouro
no fim do arco-íris?
eu sei, a gente não funciona junto.
nem separado.

there's a hole in my soul, i can't fill it

oca por dentro, sou um vazio que ninguém vê.
meu coração, querendo ser salvo, grita; o eco é sua única resposta.
não posso dizer ao certo quem eu sou, só quem deixei de ser. estou em uma busca de longa data por cores, mas tudo e só o que vejo é preto e branco.
meu nome deveria constar no dicionário como sinônimo de nada; permaneço em pé no meio de incêndios, mas perdi as contas de quantas vezes uma fagulha me derrubou.
sou uma música mal escrita, um livro cansativo, a programação de tv num domingo. sou um conjunto de adjetivos que, assim como eu, nunca vão se encaixar.

você é a erva daninha que teimou em eclodir no meu coração, meu bem.

i want to go home. you know what home is?

quero ir pra casa, mas não pertenço a lugar algum.
nada dá fim a esse desconforto causado por razões desconhecidas a não ser desviar meus pensamentos para o tal futuro brilhante que nunca chega e parece cada vez mais distante. eles me dizem que as coisas vão ficar melhores. eu sei que vão, mas e enquanto não ficam? e quando ficarem? não quero murchar de novo, mas sempre murcho. 
o dia está lindo lá fora, eu vejo isso. vejo, mas não sinto. sou capaz de perceber a calmaria de uma leve brisa batendo em meu rosto, mas não de a sentir silenciar o desespero de minh'alma. nada o faz. 
persigo com ardor essa incógnita que faria de mim completa, mas sempre acabo me perdendo no caminho; assim como todas as outras coisas que poderiam saciar meu almejo, essa também deve estar fora de meu alcance.

você não sai

eu queria que a gente pudesse fingir só por um dia que tudo tá do mesmo jeito que estava há três anos, só pra ver se eu sinto de novo o efeito que o seu abraço me causava ou qualquer outra coisa. mas a gente não pode, e você não liga.
não vou dizer que me tornei a pessoa mais infeliz do mundo depois que você foi embora ou que não sei viver sem você. eu sei, e isso não aconteceu. eu até que sou feliz, sabia? apesar de não conseguir sentir nada, minha vida está nos trinques e meu cérebro sabe disso. ele é feliz, o meu cérebro. mas ele também sabe que há um contraste enorme entre isso e aquela felicidade que você me trazia, aquela que ninguém nem chega perto de reproduzir.
eu preciso tirar você de mim. eu tentei de tudo, meu deus do céu, como eu tentei, mas você não sai e não é nem por você não deixar ou porque eu ainda tenho esperança. você não deve nem lembrar do meu sorriso e minhas esperanças morreram há muito tempo, mas você não sai. você não sai de jeito nenhum e, de todas as coisas do mundo, essa é a única que eu desejo
vai passar. eu sei que vai passar. mas, por enquanto, a única coisa que eu consigo sentir é a sua falta.
ela não me visita com muita frequência, mas quando ela vem, eu sinto tanto a sua falta que eu quase nem lembro que foi você quem me deixou nesse inferno que é o agora e trancou a porta.
não é amor.  não é amor mas é uma coisa bem mais complexa do que sentir falta porque eu já lidei com a falta e mesmo depois de todos esses anos, ainda não aprendi a lidar com você.
eu não sei o nome do que eu sinto,
mas sei que precisa morrer.

someday you will ache like i ache

o som aconchegante da tua risada e da tua voz dizendo que me ama ecoa no silêncio do meu quarto enquanto a saudade incessante que eu sinto de quem você era queimam a muralha do meu coração.
olho no espelho e não me reconheço mais; você tomou o brilho dos meus olhos no momento em que foi embora. você me danificou como um vírus, e nenhum soro existente neste mundo é o suficiente para tirar você de dentro de mim. você foi um câncer que se espalhou rápido demais.
seu medo de amar nunca vai permitir que você se sinta da mesma forma que eu. sorte sua.