os aparelhos já foram desligados há tempos, mas não sei como soltar a sua mão.
eu te ressuscito em cada lembrança que já tinha deixado ir.
como te deixar ir? vou junto.
não
me lembro muito bem do perfume natural da sua pele ou do jeito que você
inclina a cabeça dois milésimos antes de abrir um sorriso desajeitado, e
te sigo para todo canto só pra recordar.
aumento a frequência do choque porque ainda não há pulso.
eu quis tanto que você morresse. quis tanto poder te matar.
eu
quis tanto que você deixasse de ser o imã que me atrai silenciosamente,
quis tanto que não fossem os seus traços que me assombravam sempre que
eu fechava os olhos.
e quando tudo isso finalmente aconteceu, eu morri junto.
porque
quando fecho os olhos, fica tudo preto. e quando não fecho, também. eu
tenho medo do escuro mas não de você. com uma expressão divertida, você
apertava o gatilho sem nunca disparar. ou abaixar a arma.
preciso de você vivo para poder voltar à vida.
pra pegar a droga desse desfibrilador e fazer meu coração voltar a bater também, nem que seja à força. tem que ser à força.
me leva de volta pro inferno; não sei lidar com a calmaria.
volta, meu bem. não para mim, mas volta.
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